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  • Foto do escritor: Thulany Dhara
    Thulany Dhara
  • 12 de jun. de 2019
  • 3 min de leitura

Conheça algumas instituições que oferecem cursos gratuitos no estado e entenda a importância deles na vida de muitas pessoas.


Carolline Mendonça


Cursos complementares, técnicos e profissionalizantes são constantemente procurados pela população para que possam aprimorar seus conhecimentos e tornar-se profissionais em uma determinada área. Segundo o grupo Mrh - Gestão de Pessoas e Serviços, estão entre os mais procurados os cursos de Gestão Financeira, Informática, Recursos Humanos, Inglês e Marketing. Esses cursos variam entre R$270,00 e R$1.600 reais, sendo assim, inviável para muitas pessoas de baixa renda.


É nesse momento que tornam-se importantes as instituições que oferecem cursos gratuitos. Empresas como Sebrae, Senac, Senai, Firjan, Faetec, Sesc, Fundec entre outras criam oportunidades - através de sorteios, inscrições online e presenciais - que mudam a vida de milhares de jovens, adultos e até idosos.


O Sesc Rio é um grande responsável por mudar trajetórias com seus projetos. Ele é parte integrante do Sistema Fecomércio RJ, composto também por Senac RJ e Fecomércio RJ. No estado do Rio de Janeiro atuam por meio de 21 Unidades de serviço, quatro Unidades hoteleiras (Copacabana, Nogueira (Petrópolis), Nova Friburgo e Teresópolis), em 12 municípios do estado do Rio de Janeiro, e 11 unidades itinerantes. Por meio do Programa de Comprometimento e Gratuidade, atendem os estudantes da rede pública de Educação Básica e a população em geral, com renda familiar até três salários mínimos nacionais.


Ana Carolina, de 20 anos, moradora de Três Rios, teve a oportunidade de realizar o curso de Dança Contemporânea no Sesc e neste ano viajará para São Paulo para se apresentar. “Minha vida mudou completamente, encontrei uma paixão pela dança que não conhecia, antes era apenas um hobby, hoje é o que quero fazer para a minha vida.” contou a jovem. Ana também relatou que por não ter muitas condições financeiras, esperava trabalhar para sempre em mercado ou loja como muitos da sua família e, agora, acredita que todos têm a chance de mudar seu futuro. “Não desistam de sair da zona de conforto.” reforçou.


Outro projeto que faz parte de muitas histórias é o Fundec. Localizada em Duque de Caxias, a Fundec busca garantir a excelência na qualificação profissional dos munícipes, inserindo-os no universo do trabalho, resgatando valores, e proporcionando melhor qualidade de vida, em seus diversos aspectos. O projeto vai além dos cursos complementares e técnicos, conta também com alfabetização, preparatório para vestibular e mais 112 cursos.


Um grande destacado quando o assunto é cursos gratuitos é o Senai. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é um dos cinco maiores complexos de educação profissional do mundo e o maior da América Latina. Seus cursos formam profissionais para 28 áreas da indústria brasileira, desde a iniciação profissional até a graduação e pós-graduação tecnológica. Além de destacar-se com seus cursos presenciais, o Senai conta com cursos online para oferece cursos gratuitos online para aqueles que buscam a iniciação do mundo do trabalho ou que pretendem incrementar os seus currículos. A cozinheira Natália Peres, dona da franquia Paveria da Naty, realizou seu curso de empreendorismo e não se arrepende. “Aprendi muito sobre como otimizar meu tempo para o trabalho, técnicas de venda e criação… Como minha paveria é prioritariamente via Instagram, foi muito útil.”


Existem muitas oportunidades de cursos gratuitos, sejam complementares, de graduação, técnicos, e muitos deles não são vinculados ao governo. O investimento na educação é importantíssimo para o crescimento da população e fortalecimento do país. Muitos desses cursos são pouco divulgados e não tem suas vagas preenchidas, por isso, é necessário estar sempre atento a essas informações e buscar essas novas experiências profissionais.

  • Foto do escritor: Thulany Dhara
    Thulany Dhara
  • 11 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Jovens negros relatam ter que tomar cuidados extras para não serem confundidos com bandidos


(Foto: Clívia Mesquita)

Jhennifer Neves


Júnior Barbosa é negro e mora na Maré, Zona Norte do Rio. O jovem de 20 anos conta que desde muito novo recebia instruções do pai sobre como agir durante uma abordagem policial, ele foi ensinado a não correr durante um tiroteio, por exemplo.


“Correr é a pior coisa que um preto pode fazer. A polícia vai ver e achar que é bandido”, explica. “Ser preto é andar com um alvo pintado nas costas o tempo inteiro, então precisamos tomar mais cuidados”, desabafa o jovem.


Júnior diz ainda que não acredita que jovens brancos precisem se preocupar com isso, pois não são “automaticamente marginalizados”. E completa:


“Eu ouço as pessoas dizendo que quem não deve não precisa temer a polícia. Quem diz isso claramente não é negro nem pobre”, conclui Júnior.


Gabriel Mota tem 21 anos e mora no Jardim Catarina, umas das comunidades mais perigosas de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Ele relata viver com medo o tempo todo, não só da violência, mas também dos próprios policiais.


“Eu tenho medo. Simples assim. Tenho medo porque sou preto, pobre e favelado. Isso não é motivo suficiente?” indaga o jovem.


Gabriel disse que em uma ocasião, durante uma operação na comunidade onde mora, foi confundido com bandido pelos policiais e que foi agredido por estar sem documentos.


“Se você é preto e está andando na rua, pode ser morto a qualquer momento”, conta ele. “Eu já apanhei da polícia por estar sem documento, eu estava na porta da minha casa, mas isso não importou. Meu amigo estava na rua um pouco mais à frente e não sofreu um arranhão. Mas ele era branco, o que explica tudo”, conclui.


Negros morrem mais


Dados obtidos pelo Uol, por meio da Lei de acesso à informação, mostram que 9 em cada 10 mortos pela polícia do Rio de Janeiro são negros ou pardos. Ao todo, entre janeiro de 2016 e março de 2017, foram registradas 581 mortes de pessoas consideradas pardas, 368, negras e 141, brancas, totalizando 1.221 mortos. Não há informação racial sobre 137 casos.


A maior parte das mortes (619) ocorreu no município do Rio de Janeiro. São Gonçalo registrou 126, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, aparecem logo em seguida com 106 registros.


Além disso, um levantamento da fundação Abrinq aponta que o número de jovens negros mortos por arma de fogo saltou de 1.450, em 1997, para 7.670 no ano de 2017. Trata-se de um aumento de 428% em 20 anos. Entre jovens brancos o aumento foi de 102%. Foram 772 mortes no ano de 1997 contra 1563 em 2017.


Mesmo que tenham apresentado aumento, o número de jovens brancos mortos quando comparado ao de jovens negros é significativamente menor. O levantamento mostra ainda que enquanto houve um crescimento de 8% nas mortes de jovens negros

entre os anos de 2016 e 2017, as mortes dos brancos apresentaram queda de 9% no mesmo período.


A diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, diz que o racismo é um determinante forte para essa realidade, embora não seja o único:


“Os brancos têm vivido privilégios, e alguns deles vivem os privilégios como se fossem talentos. Ou seja, fingem que não foi o racismo que os levou aonde estão. Não se trata de apatia. Trata-se de proteção ativa de privilégios.”


Daniel Cerqueira, doutor em economia e especialista em segurança pública, afirma que o negro, mesmo tendo a mesma idade, morando no mesmo bairro e possuindo o mesmo nível de escolaridade, tem mais chance de sofrer homicídio do que o jovem branco. Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o negro tem 23,5% mais chance de sofrer homicídio do que o indivíduo branco.


Cerqueira declara que esses números são reflexos da desigualdade social entre negros e brancos e defende o investimento “em ações de segurança pública efetiva e ações de educação no treinamento policial”. O especialista ressalta ainda a importância das cotas que, para ele, são “relevantes para ajudar a diminuir essa desigualdade.”


Dicas de sobrevivência


Em 2018, um vídeo em que 3 homens negros dão dicas numa espécie de ‘manual’ para negros sobreviverem a uma abordagem policial indevida viralizou nas redes sociais. O vídeo foi publicado na época da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro e na descrição, estão as seguintes palavras: “Dicas para que a população negra das comunidades do Rio de Janeiro sobreviva a possíveis abordagens indevidas durante a intervenção que acontecerá até o fim de 2018.”


Entre as dicas estão: não sair sem documentos, sempre avisar a alguém aonde está indo e usar ferramentas que permitem compartilhar sua localização. Outros itens do ‘manual’ de sobrevivência orientam a levar a nota fiscal consigo caso esteja portando algum item de valor elevado, para que não seja apreendido indevidamente e evitar portar furadeiras ou guarda-chuvas, pois podem ser confundidos com armas de fogo. O vídeo conta com a participação de dois Youtubers, Spartakus Santiago e Ad Júnior, e o repórter do Favela da Rocinha, Edu Carvalho.

  • Foto do escritor: Thulany Dhara
    Thulany Dhara
  • 11 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Especialista diz que medidas propostas não resolvem a causa do problema que é a degradação da bacia hidrográfica do município


Blindado circulando por ruas inundadas de Acari, em abril desse ano

Rene Silva/Voz das Comunidades


Ana Paula Santelli


Os projetos propostos para o Programa de controle de enchentes da Prefeitura do Rio de Janeiro, no Plano Estratégico 2017/2020 da cidade, consistem apenas em drenagem de rios na Zona Oeste. Segundo o planejamento orçamentário do município, o programa prevê a implantação e manutenção de sistemas para escoamento das águas de rios, canais, galerias e outras estruturas hidráulicas. No entanto, as medidas focam em um aspecto do problema que, para o professor associado do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Uerj, Adacto Ottoni, não solucionam as inundações.


- O maior causador de enchentes é a degradação da bacia hidrográfica urbana que está bastante impermeabilizada, devido ao crescimento desordenado da cidade, e que sofre com muitos problemas de poluição, como esgoto, lixo e material de erosão do solo –

afirma Ottoni que acredita que as medidas da Prefeitura atacam as consequências dos alagamentos e não, as causas.


Administrado pela Rio Águas, o programa tem apenas duas metas no Plano Estratégico: a implantação de sistemas de macrodrenagem na Bacia do Rio Acari e em quatro rios da Bacia de Jacarepaguá. De acordo com o engenheiro, a solução efetiva para as inundações passa por uma gestão sustentável da bacia hidrográfica visando a drenagem urbana. O saneamento do lixo e do esgoto são as principais soluções pois esses detritos assoreiam os rios e entopem os bueiros, reduzindo a capacidade de escoamento dos dois. Há também outras medidas, como: coleta regular do lixo em todas as áreas do município, inclusive as favelas; aumento da permeabilidade do solo; construção de pequenas e médias barragens de cheias nos morros; e o reflorestamento de áreas desmatadas já que a vegetação segura 80% da água da chuva.


O programa teve ainda uma redução, em comparação com a gestão passada, de 78% em seu orçamento. Em 2014, segundo ano do último mandato de Eduardo Paes (à época no MDB), a Rio Águas gastou R$ 294,7 milhões no programa. Já, em 2018, segundo ano do governo Crivella (PRB), foram usados 66,2 milhões.


Previsão orçamentária e valor gasto para controle de enchentes durante duas gestões diferentes

Rio Transparente


Bacias de Jacarepaguá e do Rio Acari


As obras na Bacia de Jacarepaguá começaram durante a gestão de Eduardo Paes que drenou 10 dos 14 rios que compõem a bacia. Fruto de uma parceria com o Governo Federal, a intervenção teve investimentos em torno de R$370 milhões. Para o atual

governo, sobrou a drenagem dos rios Tindiba, Grande, Covanca e Pechincha, além da Bacia do Rio Acari.


Segundo o professor da Uerj, os projetos de macrodrenagem das Bacias do Rio Acari e de Jacarepaguá não diminuem as inundações na Zona Oeste porque eles canalizam os rios. O processo de canalização consiste no aprofundamento e alargamento dos rios fazendo com que os detritos presentes neles sejam empurrados para baixo e a concentração de vazão nessas áreas aumente. Contudo, isso pode piorar os alagamentos já que, por serem áreas mais baixas, que estão suscetíveis a influência da maré e da alta vasão do canal, a água pode não conseguir escoar.


A assessoria de comunicação (Ascom) da Rio Águas disse em nota que foram investidos cerca de R$ 94,7 milhões na canalização e revitalização dos trechos 5 e 4 da Bacia do Rio Acari, compreendidos entre a rua Luis Coutinho Cavalcanti e Av. Brasil, e está buscando recursos de financiamento para continuar os investimentos nesta região. Em relação a Bacia de Jacarepaguá, os rios Pechincha e Covanca foram canalizados e, segundo a assessoria, a Prefeitura trabalha na canalização do Tindiba e Grande com término previsto para 2020.

Enchentes na Zona Sul


As chuvas que ocorreram em abril desse ano, além de provocarem alagamentos em vários pontos da Zona Oeste, também inundaram a Zona Sul do Rio. Áreas do Jardim Botânico e Lagoa ficaram interditadas por horas devido à demora no escoamento da água, provocando uma série de transtornos para a população, e mesmo assim, nenhuma solução foi proposta para a região.


- Tanto na Zona Sul do Rio como em todas as áreas da cidade, os problemas se repetem. Além de soluções efetivas, existem medidas básicas que reduzem o problema. A Prefeitura tinha que contratar equipes específicas para limpar o sistema de micro (galerias de águas pluviais) e de macrodrenagem (rios) durante todo o ano e no período de estiagem respectivamente – sugere o professor Ottoni.


A Ascom da Rio Águas disse que há um estudo de implantação de rede de microdrenagem na rua Jardim Botânico e de melhorias na macrodrenagem da região, especificamente na calha do rio dos Macacos ao longo das ruas General Garzon e Pacheco Leão. Em relação à Lagoa Rodrigo de Freitas, a assessoria afirmou ainda que existem estudos para

readequação do sistema de microdrenagem dos pontos críticos no seu entorno e que o trecho da Hípica, por exemplo, já sofreu intervenções com a reformulação das galerias de águas pluviais e com a alteração do nivelamento da pista.


Combate a enchentes na Grande Tijuca e Maracanã


Em abril desse ano, foi entregue a obra de desvio de parte do curso do Rio Joana, importante etapa do programa de controle de enchentes da Grande Tijuca e Maracanã que já conta com os reservatórios (piscinões) nas praças da Bandeira, Varnhagen e Niterói. A obra, iniciada na gestão passada, em 2012, permite que parte das águas do Joana seja despejada diretamente na Baía de Guanabara, evitando tanto a sobrecarga na Bacia do Canal do Mangue quanto os alagamentos na região da Praça da Bandeira.


Entretanto, para o docente, os piscinões – reservatórios que armazenam água do transbordamento de rios – são uma solução errada pois existe um erro grosseiro nesse projeto: os piscinões têm grades para impedir a entrada de lixo mas eles são enterrados, dificultando a manutenção e a limpeza dos materiais que ficam retidos nas grades e impedem a passagem da água.


Entrada do Setor C do Maracanã, na Rua Eurico Rabelo, alagada em abril desse ano

Cris Dissat/Fim de Jogo


- O rio já começa a transbordar no entorno dos piscinões. Ou seja, gastaram R$500 milhões para agravar as inundações no entorno dos piscinões. Obviamente isso gera um alívio na Praça da Bandeira mas você gera transtornos muito maiores – afirma Adacto.

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