Com crise do Estado, Rio vê mudança na demanda por shows
- thegabriellasouza
- 3 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Artistas internacionais perdem espaço e dão lugar à novas atrações nacionais
GABRIELLA SOUZA
Fonte: facebook.com/BacoOficial
Baco Exu do Blues em show no Circo Voador
São poucos os artistas internacionais que hoje consideram o Rio de Janeiro como uma parada para seus shows. Os que decidem se apresentar na cidade terminam por cancelar suas apresentações pela falta de público ou tendo que se deslocar para casas de shows menores e mais baratas. Tal situação vem acontecendo desde 2017 com a crise econômica do Estado. O cenário é outro para artistas nacionais, festivais independente e festas com atrações locais, que esgotam ingressos e apresentam uma procura grande de público.
O noticiário cultural da cidade está a informar com frequência cancelamentos e redirecionamento de shows. Em março de 2018, poucos dias antes da apresentação a cantora norte-americana Katy Perry mudou o local de seu show do Parque Olímpico – com capacidade para 100 mil pessoas – para a Apoteose, com 30 mil. Nos últimos meses os shows de Wiz Khalifa, Mac Miller, Jason Derulo e Paul McCartney na cidade foram cancelados.
Pedro Seiler, sócio-fundador do Queremos! – plataforma que media a demanda do público e o contato com o artista - destaca o cenário de dificuldade para fazer os shows internacionais serem rentáveis hoje no Rio, visto que os cariocas não estão mais optando por esse nicho.
— O dólar subiu e não desceu mais. Além disso, as grandes turnês do mundo têm mais demanda do que oferta e, com isso, você começa a pagar cachês muito caros. Isso se reflete, claro, no preço dos ingressos, o que afasta o público em tempos de crise. É difícil uma cidade como o Rio absorver isso. Nossa dificuldade em trazer artistas internacionais para cá só aumenta e acabamos optando por promover mais os artistas nacionais.
Fonte: facebook.com/ARTRASHZO
Apresentação de dança no meio festa Artrash
Sem muita renda para investir em shows maiores, o público não deixa de consumir. A alternativa são as festas e festivais independentes. Com preços mais acessíveis – muitos são até mesmo gratuitos – tornaram- se a alternativa de entretenimento dos jovens. Estar em eventos mais locais, que o público possa conversar com o artista ou até mesmo expor seu próprio trabalho é o que os cariocas estão apoiando. Como conta Rômulo Carvalho, idealizador da Artrash, festa que reúne música, exposição de arte, brechó e apresentações de teatro e dança no mesmo espaço.
— Hoje nós jovens queremos o mais. Não só ir num show, tirar fotos e ir embora. Queremos estar num espaço mais interativo, um lugar que você possa estar mais próximo do artista. E essa é a intenção da Artrash e de diversos outros eventos que acontecem hoje no Rio. Mas acho que também é uma questão de custo-benefício, de poder pagar pouco e assistir bons artistas, mesmo que menos conhecidos. A experiência acaba valendo muito a pena.
Esse é o cenário que o mercado do entretenimento investe e incentiva na cidade. Ingressos acessíveis, artistas nacionais, eventos multiculturais são as opções de lazer que o jovem carioca está disposto hoje a consumir.
Exemplo disso, são músicos como Baco Exu do Blues, que esgotou ingressos em 1 hora no Circo Voador - com capacidade para 5 mil pessoas. À pedido de fãs que não conseguiram comprar, a casa de shows abriu mais duas datas, todas esgotadas em poucas horas. O que se repete com artistas como Djonga, BK, Iza e outros. E com a festa Yolo Party nascida na Penha, Zona Norte do Rio e criada por jovens de baixa renda que recebeu o patrocínio da cervejaria Budweiser devido a grande demanda de público. O que acarretou na sua expansão para diversas cidades do país.
Fonte: instagram.com/
Festa surburbana Yolo Party recebe patrocínio da cervejaria Budweiser
O setor do entretenimento se reinventou no Rio de Janeiro para atender a essas novas demandas. Mesmo atingido pela crise do Estado, este nicho está em pleno crescimento.
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