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Filme Capitã Marvel sofre críticas feministas e cria debate entre fãs

  • thegabriellasouza
  • 3 de jun. de 2019
  • 3 min de leitura

Com mais de 2 milhões de ingressos vendidos no Brasil, o longa é alvo de críticas pelo protagonismo de uma mulher branca e pela forma que o feminismo é retratado


HALESSANDRA ARAUJO


Fonte: www.osul.com.br

Atriz Brie Larson como Carol Danvers em Capitã Marvel (2019)


O filme que foi a grande aposta da Marvel, após o sucesso da sua rival (DC) com Mulher Maravilha (2017), é atacado pelo movimento feminista e abre debate nunca visto no universo nerd, onde está presente filmes, animações, jogos e quadrinhos de super-heróis. O longa – que também tem codiretora mulher – conta a história de Carol Danvers, uma ex piloto da força aérea norte-americana que sofre mutações genéticas e se transforma em uma super-heroína. A história se passa entre os anos 1980 e 1990, quando mulheres não podiam pilotar em combate.


Com mais de 2 milhões de ingressos vendidos no Brasil só na semana de estreia, o longa recebeu elogios pela representatividade feminina em um filme com altas expectativas de bilheteria. Mas apesar do sucesso com o protagonismo de uma super-heroína, Capitã Marvel foi analisado negativamente pelo movimento feminista negro, que luta pela igualdade social de mulheres negras em relação a homens e mulheres brancas.


Como explica a ativista e estudante de Ciências Sociais, Jéssica de Oliveira (19), o longa naturaliza a questão de que, na sociedade, só mulheres brancas são ouvidas e vistas como fortes e independentes: ‘’silenciar a voz negra é colaborar com o privilégio social que todos os brancos têm. ’’A jovem também diz que, apesar de Capitã Marvel ser importante, já que o público da cultura nerd é predominantemente masculino, outras questões de representatividade devem ser debatidas. ‘’Se você olhar as fotos da grande estreia nos Estado Unidos, só vê garota branca’’, diz a estudante.


Fonte: tab.uol.com.br

Fãs de Capitã Marvel na estreia do filme em Los Angeles


Já o colecionador de quadrinhos, Vinicius dos Santos (18), afirma que é desnecessária a discussão sobre a cor da heroína. Para ele, os criadores do longa metragem usaram o feminismo para lucrar com um novo público: ‘’a Marvel só queria dinheiro mesmo. A personagem ser branca, verde ou azul não importa, não acrescenta em nada na história. ’’ O estudante diz que todo o debate que ele viu surgir nas redes sociais poderia ser evitado, já que ele avalia o filme como mediano em relação à outras produções da Marvel.


A questão econômica do filme, que lucrou mais de 1 bilhão de dólares, também foi analisada pela estudante de Publicidade Mayara Albuquerque (22), que diz ser mais fácil faturar com uma mulher branca do que com uma mulher negra, como a personagem Maria Rambeau, melhor amiga de Capitã Marvel. Para a jovem, o feminismo foi colocado como uma personalidade, escondendo a força política do movimento: ‘’a Capitã só estava como uma mulher de atitude, e não como uma mulher forte que luta por outras mulheres. ’’


Também colecionadora de quadrinhos, Mayara diz que a indústria cinematográfica precisa representar o que ainda não é bem visto pela sociedade, chamada por ela de racista: ‘’de nada adianta termos uma mulher como heroína se ela não pode inspirar todas as meninas do mundo. Por que não um filme sobre Rambeau que, por ser negra, passou por mais dificuldades? ’’A estudante afirma também que a falta de meninas e mulheres negras no cinema desmotiva crianças e ajuda a manter o racismo no mundo.


Fonte: screenrant.com

Atriz Lashana Lynch como Maria Rambeau em Capitã Marvel (2019)


Uma pesquisa feita em 2016, pelo Instituto Geena Davis de Gênero na Mídia, reforça a importância da representatividade feminina na mídia. Foram entrevistadas 4, 3 mil mulheres do Brasil, China, Índia, África do Sul, Arábia Saudita, Rússia, Reino Unido, Austrália e Estados Unidos. Dentre as entrevistadas, 61% sentiam que figuras femininas inspiradoras em filmes e na TV eram importantes e influenciavam suas vidas, e 74% gostariam de ter tido mais figuras femininas inspiradoras quando eram crianças.


A estudante Mayara diz ainda que mesmo com as críticas que ela viu surgir na internet, o filme pôde criar uma discussão que não estava presente dentro da cultura nerd: ‘’confesso que fico chocada com os comentários que ainda vejo dos homens sobre o filme, coisa que não aconteceu com Mulher Maravilha, pois apresentou uma sexualização do corpo feminino. ’’ Mayara reforça que muitos meninos e homens não aceitam a temática feminista no universo nerd, mas que agora eles são obrigados a discutir sobre como as mulheres são colocadas nos ambientes em que elas vivem.


Apesar das críticas recebidas pelo movimento feminista, Brie Larson -- vencedora do Oscar de melhor atriz (2016) --, que interpreta a personagem principal do filme, diz à TV americana que, mesmo apoiando causas sociais, na ficção não estava tentando ser militante. No entanto, Larson também afirma que a produtora quis fazer de Capitã Marvel o filme mais feminista de todos os tempos.

 
 
 

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