Jovens ainda são os que mais empreendem
- Thulany Dhara
- 21 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Últimos dados do Sebrae mostram que 50% dos empreendedores iniciais possuem de 18 a 34 anos

Foto: perfil do Instagram da “Kitartele”
Ana Paula Santelli
Dos 24,4 milhões de empreendedores em estágio inicial – aqueles que possuem um negócio de até 3,5 anos -, 12,3 milhões são jovens de 18 a 34 anos, segundo a pesquisa GEM 2018 (Global Entrepreneurship Monitor) realizada pelo Sebrae no Brasil. Apesar da queda de sete pontos percentuais em relação a 2017, que a taxa era de 57%, essa faixa-etária ainda continua sendo a mais expressiva entre os negócios recentes, abaixo se encontra a de 35 a 44 anos com 25%.
Brunna Neves (32 anos), dona da “Kitartele” – empresa de doces e comidas fit de Niterói –, é uma dessas jovens. Desempregada e incentivada pela família, ela começou a vender tortas informalmente em 2016. No entanto, o negócio informal, além de estar suscetível às multas, é muito restrito e não possui os benefícios que o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) concede, como aposentadoria. Então, em junho de 2017, Bruna se registrou como microempreendedora individual (MEI).
- O que me levou a formalizar o negócio foi para pagar INSS. E com CNPJ, eu também posso aceitar vale-refeição – afirma Brunna que agora trabalha também com buffet de crepe, doces, refeições fit e pratos de datas comemorativas, como ovos de Páscoa e panetones.
Apesar da niteroiense ter aberto seu próprio negócio por necessidade, essa não é mais uma realidade brasileira desde 2003. A última GEM demonstrou que a taxa de jovens empreendendo por oportunidade é de 61%, muito maior que a por necessidade, de 37%. O número de pessoas que investem por enxergar algum interesse no novo negócio vem crescendo desde 2016 após algumas oscilações.

Fonte: GEM Brasil 2018 (*a soma pode não totalizar 100%, pois em alguns empreendimentos não foi possível distinguir se foram por oportunidade ou por necessidade).
João Gabriel Morales (27 anos) conseguiu unir necessidade com oportunidade. Ele, que trabalhava embarcado, não quis mais depender do mercado de trabalho após o auge da crise no setor petroleiro, em 2017. Então, reunindo um sonho antigo com visão de mercado, João decidiu abrir um restaurante Self Service/Chopperia no bairro do Barreto, em Niterói, o “Seu Morales”. Segundo o empreendedor, “comida nunca dá errado”. De fato, de acordo com uma pesquisa do Sebrae, o segmento de serviços pessoais, o qual inclui restaurantes, foi apontado como um dos setores mais promissores para 2019.
Empreendedorismo Inicial Feminino
Quem também decidiu empreender foi a Monique Nepomuceno (31 anos) de Angra dos Reis. Ex-funcionária subcontratada da Petrobrás, ela também foi afetada pela crise na empresa. Desempregada, mãe e com o ensino superior incompleto, Monique decidiu criar, em 2017, uma empresa de produtos saudáveis e funcionais, a “100% do Bem”. Assim, além de ter conquistado uma renda, ela conseguiu ser mais presente na criação do seu filho e retomar seus estudos.
A “100% do Bem” produz alimentos com alto valor nutricional pois não possuem ingredientes refinados, conservantes e aditivos químicos. São atendidas pelo negócio, as linhas low carb, sem açúcar, sem glúten, sem lactose, sem leite e derivados e vegana. De acordo com a entrevistada, a ideia desse nicho de mercado decorreu de um problema de saúde do seu marido que o obrigou a se alimentar de forma saudável. Por conta disso, Monique passou a pesquisar mais sobre esses tipos de alimento e, se aprimorou tanto, a ponto dos seus amigos a incentivarem a vendê-los.
A angrense faz parte das 11,9 milhões de brasileiras que possuem empresas novas. Segundo a GEM, elas representam 17% dos empreendedores em fase inicial, enquanto os homens são 18%. Apesar do número inferior das mulheres, a diferença é de apenas um ponto percentual.

Chocotone Low Carb da “100% do Bem”
Foto: perfil do Instagram da “100% do Bem”
Após a abertura do seu próprio negócio, Monique, que é MEI, já recusou três propostas de emprego e vem se especializando na área de produção de alimentos: já fez cursos culinários, comportamentais, de finanças, estoque, compras e logística.
- Eu penso em chegar e alcançar cada vez mais pessoas para esse mundo da alimentação saudável. Poder ajudar e mudar a vida das pessoas com essa alimentação diferenciada que gera uma energia boa, gera qualidade de vida de fato – afirma a empreendedora que participará do 4º Congresso Nacional de Alimentação Saudável no mês que vem, em São Paulo.
Comentarios