Niterói que Queremos: apenas 5 das 34 metas já estão prontas
- Thulany Dhara
- 28 de mai. de 2019
- 5 min de leitura
Projetos como a modernização da Maternidade Alzira Reis e a construção do Mercado Municipal ainda não saíram do papel

Praia da Boa Viagem, em Niterói
Marcelo Carnaval/Agência O Globo
Ana Paula Santelli
Há um ano e meio do término do segundo mandato do prefeito Rodrigo Neves (PDT), o plano “Niterói que Queremos” - planejamento estratégico da cidade para o período 2017- 2020 – ainda está com 20 iniciativas em andamento e 9 que nem começaram a ser realizadas. Projetos como o Niterói Mais Segura, a TransOceânica, a Plataforma Digital da Engenhoca, o Oportunidade Jovem e os de Mobilidade Urbana foram finalizados.
O planejamento foi apresentado em 2017, pela Prefeitura, com 34 programas divididos em sete categorias: Organizada e Segura, Saudável, Escolarizada e Inovadora, Próspera e Dinâmica, Vibrante e Atraente, Inclusiva e Eficiente e Comprometida. Essa é a segunda etapa do projeto que prevê ações para melhorar a qualidade de vida do município. A primeira fase foi durante o período 2013-2016 – primeira gestão do pdtista – em que foram propostas 32 metas das quais algumas ficaram para a segunda etapa, como o estudo para a implantação do VLT entre Charitas e o Centro e a criação do Mercado Municipal Feliciano Sodré.
Entre as 20 iniciativas que estão em andamento, destacam-se a implantação de 100 Km de malha cicloviária, a revitalização do Centro, ações de prevenção à ocupação irregular, contenção e reflorestamento de encostas, construção do Centro Petrobrás de Cinema, a despoluição da enseada de Jurujuba, programa de incentivo à economia solidária, a conclusão e entrega de 1.520 unidades habitacionais e a contratação de mais 2 mil novas unidades.
Já, entre as 9 que não começaram a ser feitas, estão a urbanização das três comunidades mais populosas do município - Vila Ipiranga e os morros do Estado e Preventório -, a modernização da Maternidade Alzira Reis, criação do programa Remédio em Casa, construção do Mercado Municipal e a municipalização do Caio Martins.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Niterói não se pronunciou a respeito de um cronograma com início e término de cada ação.
Niterói mais Segura
O programa Niterói mais Segura resulta de um convênio da Prefeitura com o Governo do Estado e funciona seguindo as mesmas diretrizes do programa Segurança Presente implantado em bairros do Rio de Janeiro. Todos os custos operacionais do projeto são pagos pela administração municipal.
No final de 2017, Icaraí foi o primeiro bairro a contar com o programa, que, desde 2018, já atua também no Centro da cidade. O patrulhamento é feito por grupos de três agentes – dois policiais militares armados e um agente civil desarmado – a pé ou de carro. Ao todo, são 110 homens trabalhando em Icaraí e 150 no Centro diariamente, divididos em dois turnos. O Niterói Mais Segura também será implantado no Ingá, Jardim Icaraí e Fonseca.
Segundo dados da Prefeitura, em Icaraí, houve uma redução de 60% dos índices de criminalidade e a prisão de mais de 30 acusados, num período de 30 dias após a implantação do programa. Para Catia Gonçalves (51 anos), cabeleireira e moradora da cidade, a presença dos agentes do programa nas ruas do Centro é notável.
- Volta e meia eu vejo algum agente. Na primeira vez em que vi, até estranhei, pois achei que eram guardas municipais, mas eles estavam armados. Depois descobri que eram agentes do programa – conta a cabeleireira que foi contra a utilização de armas pela guarda civil no plebiscito realizado em 2017.
Revitalização do Centro
Esse projeto consiste na promoção de intervenções urbanísticas e de infraestrutura na região central do município para melhorar a qualidade de vida de moradores, comerciantes e frequentadores da área.
As ações incluem a revitalização da Praça Arariboia – que vai se transformar em um espaço de lazer e permitir uma maior circulação de pedestres- e a urbanização da Orla entre a Ponta D’Areia e a Boa Viagem – além da orla se tornar uma atração turística, principalmente por sediar obras do arquiteto Oscar Niemeyer, o Mercado de Peixe São Pedro, situado na área, também se beneficiará. Antonio Erthal (73 anos), aposentado e morador de Niterói, acredita que essas reformas vão embelezar o local e também valorizar parte do Centro.
- O projeto é excelente pois vai revitalizar a área central do município que está um pouco degradada, meio abandonada, principalmente a orla, e, com isso, trará mais mobilidade urbana e turismo para a região. O Mercado de Peixe então, que já é um espaço muito procurado, poderia se tornar um atrativo turístico, principalmente a noite, para as pessoas irem para os bares, comerem aquele peixinho feito na hora – afirma Erthal sobre as obras que já tiveram seus editais lançados em novembro do ano passado.
Outra ação do projeto é a reurbanização e ampliação da Avenida Marquês do Paraná. O processo de demolição dos prédios para o alargamento da via já foi concluído. Prevista para começar no segundo semestre e para ser concluída no início de 2020, a obra inclui a implantação de uma faixa exclusiva para ônibus em cada sentido da avenida, e uma ciclovia bidirecional ligando as ciclofaixas das avenidas Roberto Silveira (Icaraí) e Ernani do Amaral Peixoto (Centro).
O principal argumento do Poder Executivo para esse projeto é a diminuição do trânsito na via. No entanto, para o niteroiense Antonio, a medida é uma solução a curto prazo e que, no futuro, não vai mais conseguir dar conta de desafogar o trânsito na região.
- Como a cidade está crescendo muito, essa solução vai ter uma vida curta. Pois alargar até o Rio Cricket não vai adiantar muito, se pudesse alargar até a praia, aí sim. Então, eu não acho que vá ser uma obra para vários anos, que vá dar jeito na situação do trânsito que é terrível ali – comenta o aposentado.
Mercado Municipal Feliciano Sodré
Inaugurado na década de 20 e desativado em 1976, o antigo Mercado Municipal de Niterói irá ser revitalizado através de Parceria Público-Privada (PPP) entre a Prefeitura e o consórcio Novo Mercado Municipal de Niterói, formado pelas empresas RFM participações, Nacional Shopping Planejamentos e Reestruturação de Shopping Center e L1 M3 Publicidade, escolhidas através de licitação.
O projeto terá duas fases: a primeira é a reforma do prédio da Avenida Feliciano Sodré, que terá, no térreo, delicatessens, quiosques de flores, de artesanato e de alimentos, entre outros produtos. Um dos mezaninos abrigará restaurantes. Também foram planejados jardins e um biergarten. Na segunda fase, no prédio anexo, serão construídas uma praça, um centro cultural e um edifício-garagem com 300 vagas.
No entanto, o primeiro passo para o início da obra – a derrubada do galpão atrás do pavilhão principal – ainda não ocorreu devido as 26 famílias que ocupam há anos o local. Segundo a Prefeitura, essas famílias vão receber imóveis no empreendimento Poço Largo, no Sapê, e serão cadastradas para vagas de trabalho no futuro centro comercial.
Nem as obras do prédio anexo nem as do principal – que está desocupado – foram iniciadas até agora. Mas a notícia de sua revitalização animou muitas pessoas. Uma delas foi a Marilda Pereira (71 anos). Aposentada e dona de um comércio informal de salgadinhos, ela conta que o antigo Mercado era bem abastecido e tinha diversidade de produtos e que, quando foi desativado, prejudicou muita gente.
- Antigamente não tinha supermercado igual tem hoje. Então, tudo nós corríamos para comprar lá, principalmente os pequenos comerciantes. Quando acabou fez muita falta para todo mundo – afirma Marilda.
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