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Mercado de filmes adultos sofre mudanças com a chegada do pornô feminista

  • Foto do escritor: Jornalismo UERJ
    Jornalismo UERJ
  • 6 de mai. de 2019
  • 4 min de leitura

Alternativa por essência, a ‘AltPorn’ é o ramo da pornografia escolhida por mulheres que fogem das problemáticas do pornô ‘mainstream’


(Fonte: alphachanneling.com)

A diversidade de corpos femininos colore as novas produções pornográficas

Por Gabriella Souza


Até recentemente mal se imaginava que as mulheres também pudessem consumir pornografia. Mas com a popularização do feminismo na internet, surge uma nova onda de diretoras mulheres que prometem consolidar o gênero. A ideia dessa nova geração é criar um pornô mais igualitário, que trate melhor as atrizes e que tenha um olhar menos masculino. No Brasil, algumas produtoras surgiram, como a Xplastic, a LuzVermelha.TV e a Vida Libertina através de plataformas online ou até mesmo ganhando espaço em canais de televisão tradicionais como a Sexy Hot.


O pornô tradicional é alvo críticas

O “ pornô mainstream” (ou “pornô tradicional”) já viu dias melhores. Nos últimos dez anos enfrentou a popularização dos sites de streaming gratuitos e hoje perde ainda mais com a chegada de uma nova maneira de fazer pornografia. As novas produções buscam superar uma estética que visa atender à fantasias sexuais masculinas e, geralmente, heteroessexuais. No entanto, mais do que a renovação da arte audiovisual, pretende criar um espaço de trabalho mais digno e respeitoso para as mulheres do meio. Através de relatos em redes sociais, diversas atrizes e ex-atrizes denunciam violências sexuais e morais durante as filmagens. Muitas cenas de violação até chegaram a ser exibidas com o trabalho final, mas que passaram despercebidas através do aval dos “fetiches” que são aceitos no pornô.


(Fonte: xplastic.com.br)

Atrizes em cena de filme pornô da produtora Xplastic. (Fonte: xplastic.com.br)

A pornografia considerada feminista pretende recriar um novo ambiente para quem ainda curte consumi-la. Desde o espaço para corpos diversos até a escolha de encenações mais próximas da realidade de um ato sexual. A intenção é respeitar o corpo dos atores e seus limites, mas também considerar como digna a profissão. Assegurando assim, as leis trabalhistas e oferecendo cachês mais justos. Franciely Miller - atriz pornô há três anos na “Xplastic” e na “Suicide Girls” - conta que as novas produtoras proporcionam uma melhor segurança física e psicológica para as atrizes, assim como pagam melhor. “As equipes são formadas por 90% de mulheres, tanto atuando, gravando e dirigindo. Eu me sinto mais segura, mesmo que contracenando com homens. Sei que serei respeitada na hora da atuação e na divulgação do material. O meu trabalho é mais valorizado”.


Como o pornô influencia na vida sexual


É na juventude que se iniciam as experiências sexuais, onde se começam as curiosidades sobre esse universo. A internet com sua vastidão de conteúdo e fácil acesso é a porta de entrada para jovens que buscam aprender mais sobre o assunto. No entanto, alguns estudos apontam as consequências negativas de seu consumo constante e precoce.


“Particularmente na internet, onde grande parte da pornografia hoje é consumida, o tipo de sexualidade retratado geralmente tem mais a ver com a violência, fetiches extremos e degradação mútua do que com conexão sexual ou emocional” destaca Pamela Paul no seu livro “Pornified”, que aponta os impactos afetivos e sociais do consumo da pornografia na internet. Ao entrarem cedo em contato com o pornô - em média 14 anos de idade, segundo o estudo - esses jovens podem desenvolver dificuldades em se relacionar e também apresentar distúrbios físicos que possam comprometer a saúde sexual.

"Até recentemente mal se imaginava que as mulheres também pudessem consumir pornografia. Mas com a popularização do feminismo na internet, surge uma nova onda de diretoras mulheres que prometem consolidar o gênero.  A ideia dessa nova geração é criar um pornô mais igualitário, que trate melhor as atrizes e que tenha um olhar menos masculino."

Victória Dias, estudante de 19 anos, diz que consome o pornô feminista mas ainda tem receio com a popularidade das produções: “ conheci o pornô feminista através da Xplastic, achei muito interessante e gosto de assistir. O que me preocupa é que cresça com o consumo dos homens, mesmo sendo voltado para as mulheres. Aí que está o nosso papel, desconstruir a ideia de que mulher não gosta de pornografia e com isso apresentar pra mais mulheres esses filmes, que são para nós.”


O pornô feminista chega às salas de cinema


Vale lembrar que mulheres dirigindo o pornô não é novidade. Nos anos 80 algumas pornógrafas feministas produziram filmes em resposta ao sexismo. Assim como denunciavam as péssimas condições de trabalho da indústria norte-americana. Esse movimento foi batizado de pós-pornografia. No entanto, só voltou a ganhar força nos anos 2000, sendo uma das principais inspirações para a nova geração de produtoras de pornografia.


“A nossa intenção é trazer a pessoa que assiste a estar mais próxima do filme, que se identifique. Isso estimula até mesmo o desejo, mostrando a vida real. Mas acima de tudo, é poder criar algo que não deixe as mulheres desconfortáveis ao assistir”. Diz Mayara Medeiros, diretora da LuzVermelha.TV e da Xplastic e autora de diversas produções na área.


(Fonte: ims.com.br)

Cena de As Filhas do Fogo, de Albertina Carri. (Fonte: ims.com.br)📷

O filme argentino Filhas do Fogo (“Las hijas del fuego” no título original) lançado internacionalmente em 14 de março deste ano serve para ilustrar esse cenário. Dirigido por Albertina Carri, conta com a temática da pornografia lésbica, ao centrar a trama no prazer feminino e se debruçar na estética adotada pelas produtoras do pornô feminista. Com boa avaliação na crítica, está sendo reproduzido em diversas salas comerciais e festivais de cinema. Assim, mesmo que incipiente, demonstra mais um passo em direção à consolidação de um novo formato do fazer pornográfico. em-vindo ao post no seu blog. Use este espaço para conectar-se com seus leitores e com seus clientes potenciais de uma forma atualizada e interessante. Pense nisso como uma conversa na qual você pode compartilhar atualizações sobre o negócio, tendências, notícias e muito mais.

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