Falta de estrutura pública afeta esportes menos populares
- pedrowb
- 20 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de mai. de 2019
Apesar de ser uma cidade olímpica, Rio de Janeiro não possui grande legado para a prática esportiva

Por Lucas Eduardo
A cidade do Rio recebeu cerca de 10 mil atletas de 28 esportes diferentes ao sediar os jogos olímpicos em 2016, entretanto, três anos depois, quem deseja praticar esportes menos populares enfrenta dificuldades e sofre com a falta de estrutura em locais públicos. Para Daniel Mendes, atleta de Golf, o legado olímpico não pensou em atrair novos atletas: "Investiram pra deixar legado em esportes que já contam com grande popularidade e patrocínios. Esqueceram dos menos populares. O país do futebol não dá oportunidade de escolha à criança. O universo esportivo no Brasil é muito restrito e seletivo".
Ainda de acordo com Daniel, a questão financeira é uma das que mais prejudicam o crescimento de algumas modalidades no país. Segundo ele, a falta de estrutura pública ajuda a tornar alguns esportes elitistas, pois quem deseja jogar tem que recorrer a clubes privados, o que geralmente tem um custo muito elevado. "Você não vê um campo de Golf com a frequência que vê um campo de futebol, por exemplo. Quem quer jogar tem que recorrer a clubes que na maioria das vezes são extremamente caros", ele afirmou.
O atleta de tênis Rafael Sousa diz que quando foi anunciada a cidade do Rio como sede dos jogos olímpicos, a expectativa das pessoas quanto ao legado que seria deixado estava principalmente ligada às estruturas, pois, segundo ele, quando se tem espaço para praticar outros esportes, a descoberta de novos talentos é muito maior. "Hoje, quando uma criança quer brincar, ela vai à praça e tem uma quadra de futebol, basquete e vôlei. Não tem outra alternativa. Se tivesse espaço para jogar outros esportes, ela poderia descobrir um talento nela que até então nunca havia pensado e com isso se tornaria um potencial atleta que representaria nosso país", disse o profissional.
Projetos sociais são uma alternativa para quem deseja praticar esses esportes. Anderson Freitas, diretor de uma ONG que dá aulas gratuitas de tênis para crianças de 8 a 15 anos, conta que elas se interessam e vislumbram um futuro melhor: "O garoto cresce com o sonho de se tornar jogador de futebol e normalmente acaba se frustrando, mas quando descobre que tem outra possibilidade, ele agarra e vai com tudo. Precisa de mais investimentos", contou o diretor.
Diversas estruturas foram construídas para a realização dos jogos olímpicos. Na época, o Governo prometeu que a população poderia usufruir da maioria -algumas eram estruturas provisórias. Contudo, o tempo passou e as promessas não foram cumpridas. O Parque Olímpico da Barra foi construído como um dos maiores legados, mas hoje recebe apenas eventos pontuais, muitos fora do universo esportivo e é constante alvo de reclamações da população pelo abandono do local. O Parque Olímpico de Deodoro recebe atividades esportivas, mas também é alvo de críticas da população por ter diversas áreas em situações precárias. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com a prefeitura, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Comentarios