Planos de saúde perdem mais de 3 milhões de clientes nos últimos anos
- Jornalismo UERJ
- 14 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Devido à crise econômica e o aumento do desemprego, manter um plano de saúde
tornou-se insustentável para muitos brasileiros

Por Alice Lima
De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em três anos houve uma redução de 3,1 milhão de usuários de planos de saúde. O quadro mostra como a queda na renda e a dificuldade para arcar com altos reajustes afeta diretamente o consumidor. Com a crise econômica, cerca de cem planos encerraram suas atividades entre o período de 2014 e 2018.
Para o engenheiro Luiz Carlos, que perdeu seu emprego em 2015, manter um plano de saúde na sua idade é quase impossível. “Tenho 65 anos e na minha faixa etária os planos oferecidos são muito caros. Eu e minha esposa estamos sem plano de saúde desde que eu perdi meu emprego, o que nos gera uma ansiedade muito grande”.
Mesmo com o aumento do valor, as operadoras de convênio médico não oferecem um atendimento de qualidade. Ao entrar em contato com a Amil Saúde Rj, a atendente da central de atendimento Jéssica de Oliveira explicou que a partir de uma determinada idade a utilização do plano geralmente é maior, com mais exames e consultas, mas que depende, principalmente, do tipo de contrato assinado.
A opção por sair do convênio e depender da saúde pública no Brasil gera problemas de caráter estrutural. A queda nos planos de saúde acarretou em uma sobrecarga nos hospitais públicos e deficiências no setor. Já os hospitais particulares muitas vezes estão vazios, como explica a enfermeira Fernanda Pullig, que atua no Centro Hospitalar de Niterói: “Antigamente o tempo de espera para o atendimento era bem maior. É notável como a crise afetou no sistema de saúde. Dependendo do horário, o hospital fica vazio”.
André Braz, economista e professor da FGV, destaca que o plano de saúde tem peso no orçamento da família brasileira comparável ao do aluguel, ambos consomem cerca de 4% da renda e, quando há idosos na família, o peso pode chegar a 7% da renda. Somente no Rio de Janeiro, 123 mil pessoas deixaram de ter planos de saúde. Dos cerca de 48,5 milhões de brasileiros que possuem assistência médica privada, a maioria está em planos coletivos empresariais (32,1 milhões). Isso esclarece a perda recente de usuários, que está diretamente vinculada ao aumento do desemprego.
“Ter acesso a saúde tem se tornado cada vez mais para poucos” afirmou o engenheiro Luiz Carlos, que ainda conta sobre suas dificuldades em conseguir marcar exames, consultas em postos, além de enfrentar hospitais lotados com longas esperas. Algumas operadoras de convênios médicos e entidades de defesa do consumidor concordam que os planos de saúde podem ficar insustentáveis nos próximos anos.
Comments