Transtorno pode ser confundido com Bipolaridade
- Jornalismo UERJ
- 28 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de jun. de 2019
A Síndrome de Boderline, uma doença com mudanças bruscas de humor, está afetando pessoas na faixa etária de 18 a 40 anos

Por Alice Lima
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos de vida, mas a maioria não é detectada ou tratada. A Síndrome de Borderline ou Personalidade Limítrofe é um transtorno mental grave caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, no comportamento e autoimagem, sendo muitas vezes confundida com a Bipolaridade.
A estudante de Medicina, Juliana Queiroz, por ter muitos problemas de relação interpessoal resolveu procurar um profissional da área de saúde. “Me esforçava para as pessoas me acharem incrível, me aceitarem e, sempre que alguém ia embora da minha vida, eu acreditava que a culpa era minha. Me achava um incômodo. Foi quando procurei um psiquiatra e obtive a resposta”.
O diagnóstico é realizado por uma sequência de perguntas específicas relacionadas a impulsividade, se abusa de substâncias como álcool, drogas e comida ou ainda, se costuma ter atitudes inconsequentes, por exemplo, dirigir bêbada e sair para andar de madrugada. “Foi uma sequência de sim que fechou meu diagnóstico”, afirmou a estudante.
A relação entre a Personalidade Limítrofe com o Transtorno Bipolar é comum, mas não é realidade. Segundo Juliana, devido as pessoas serem leigas no assunto enxergam os indivíduos que sofrem desse mal como problemáticas e tendem as rotular de bipolar.
Segundo a psiquiatra Angélica Aljaik, nos dois casos há mudanças bruscas de humor. Contudo, “enquanto na bipolaridade é habitual a presença de episódios de mania relacionados a um estado de ânimo de intensa euforia, no Transtorno de Personalidade Limítrofe o que prepondera é o humor depressivo, não havendo espaço para a alegria. Nesse caso os estados de ânimo são mais rápidos, pode durar algumas horas e acontecer diversas vezes ao longo do dia”.
A instabilidade emocional que marca esse transtorno costuma perdurar, ou seja, integra a personalidade da pessoa e não há períodos assintomáticos, ao contrário da bipolaridade, que é marcado por fases e tem duração de meses.
Na Síndrome de Boderline são fatores externos que contribuem para que haja oscilação do humor, normalmente relacionados a relações interpessoais instáveis, stress e eventos traumáticos. O tratamento é uma terapia específica, a terapia comportamental dialética, além de diversos remédios como antipsicóticos, estabilizadores de humor e calmantes. A doença não tem cura e, de acordo com dados da OMS, as mulheres são mais atingidas, geralmente na idade de 18 aos 40 anos.
A estudante Juliana ainda contou como os danos desse transtorno podem ser grandes, já que o índice de suicídio é bem alto. “É difícil a pessoa viver sem se tratar até os 40 anos. Algumas tentativas de suicídios são reais e outras são para tentar chamar atenção. A ingestão de grandes quantidades de remédio e a prática de mutilação são recorrentes”.
Estima-se que 6% da população mundial sofra do Transtorno de personalidade Borderline (TPB). Se por um lado não há estatísticas sobre sua prevalência no Brasil, por outro, aproximadamente 10% dos pacientes diagnosticados no nosso país cometem suicídio, segundo estimativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
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