Vasco apresenta projeto para reforma de São Januário
- pedrowb
- 11 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Objetivo é aumentar capacidade para 41.000 pessoas

Por Matheus Pinheiro
Com mais de 90 anos de história, o Estádio de São Januário é considerado um patrimônio histórico da cidade do Rio de Janeiro. Construído com a ajuda de torcedores, em 1927, era o maior da América do Sul; e, até hoje é motivo de orgulho para milhões de vascaínos. Pensando na valorização e modernização desse templo do futebol, surgiu o plano de reforma do complexo. “O projeto de 2018 surgiu através de um convite do Vice Presidente de Obras e Engenharia do clube, Pedro Seixas. Nessa época, tínhamos realizados algumas intervenções em São Januário, ele gostou tanto das ideias e projetos que quis desenvolver algo maior para o Clube, para que eventuais obras que venham a ser feitas, sigam o planejamento da reforma do estádio. Daí surgiu a ideia do plano de modernização de São Januário junto com o engenheiro Sérgio Dias”, disse Felipe Nicolau, um dos arquitetos idealizadores do projeto.
A ideia central é aumentar a capacidade, hoje de aproximadamente 22 mil, para 41 mil lugares. Além disso, segundo Nicolau, o objetivo é melhorar a experiência e atrair os torcedores para São Januário: “Hoje o torcedor na curva de São Januário assiste o jogo com uma distancia de mais 40 metros! No projeto a distancia para o gramado passará para apenas 10 metros. Então são inúmeras melhorias que acabam abrangendo também todo o entorno. Nosso objetivo é que o estádio seja uma fonte de receita de segunda a segunda e não apenas em dias de jogos. Com o aumento de fluxo pessoas, todo o entorno se beneficia através dos comércios, e serviços. Um bom exemplo disso é a Bombonera do Boca Juniors que recebe turistas diariamente e toda a comunidade ao redor, também lucra com esse movimento”, concluiu Felipe.
Para Jonatha Koeller, morador da Barreira do Vasco - comunidade vizinha ao estádio – o comércio local pode se beneficiar com a reforma: “Acredito que se realmente cumprirem isso e manterem o futebol na mesma qualidade do que estão prometendo aí, certamente atrairão investidores, pessoas de fora terão vontade de visitar, o comércio local vai se beneficiar disso, mais dinheiro será gerado em média-larga escala e possivelmente a comunidade começará a ser mais valorizada.” Na opinião de Said Junior – torcedor do Vasco – a mudança seria ótima para o Clube, porém a comunidade no entorno poderia atrapalhar a visitação: “Seria ótimo uma reforma em São Januário, primeiro benefício: clássicos no estádio , além da maior possibilidade de ter um amistoso da seleção aqui ou até mesmo treinamento, e uma estrutura melhor. Só que o maior problema é a barreira do Vasco, não sei se São Januário seria atração turística, por conta da comunidade.”

Com investimento previsto de 208 milhões de reais, o clube arrecada dinheiro da venda de camarotes, parcerias e investidores. Também se cogita campanhas de arrecadação de dinheiro de torcedores para ajudar na reforma. “O objetivo do projeto é que seja realizado sem sobrecarregar os cofres do clube, através de parcerias e investimento privado”, contou a arquiteta Clarissa Pereira. A expectativa é de que o novo Complexo esteja totalmente concluído em 2027, porém se espera o início das obras o quanto antes: “Quando lançado em dezembro de 2018 na bolsa de valores, o objetivo é que em 2020 já tenhamos obras seguindo o projeto. Até o momento o cronograma tem sido cumprido”, concluiu Pereira.
Outra meta dos arquitetos é manter a essência de São Januário, valorizando toda sua tradição e caráter popular. Além disso, o foco é não elitizar, muito menos o transformar em arena, aproximar o 'povão', mantendo o preço acessível e preservar o modo de 'torcer de pé'. “Nosso objetivo no projeto foi justamente evitar a elitização do estádio como ocorreu nas arenas construídas para a copa do mundo de 2014. Buscamos preservar a essência de São Januário e seu caráter popular. Por isso quase 80% do estádio será sem assentos e teremos duas “muralhas Vascaínas” no setor norte e sul, potencializando ainda mais a força da nossa torcida!”, disse Felipe Nicolau.
Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 Horas, Pedro Seixas – Vice Presidente de Obras e Engenharia – afirmou que tudo que está sendo feito respeita a história do estádio. “É um projeto que valoriza a história do Vasco, feito por vascaínos para vascaínos, para colocar o clube onde ele merece. Então, é preciso recuperar, resgatar isso.” Perguntado sobre como eles fariam para mesclar a tradição com modernização, Felipe respondeu: “Essa foi uma das premissas do projeto, não só preservar como valorizar todo o valor histórico de São Januário. A fachada de São Januário e a Capela de Nossa Senhora das Vitórias foram mantidas e valorizadas no planejamento. A arquitetura das novas arquibancadas, “abraçam” a fachada neocolonial da social. Não existe futuro sem valorização do passado!"
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